A importância do primeiro ano de vida

É necessário atentar para a importância do primeiro ano de vida do bebê. Com a vida corrida dos dias atuais, juntamente com a entrada da mulher no mercado de trabalho e a falta de uma rede de apoio familiar nos cuidados com o bebê, muitas mães acabam não se dedicando integralmente a seus bebês nesse período inicial, tão importante para o desenvolvimento emocional da criança.

Destacaremos, a seguir, as fases do desenvolvimento do bebê, no seu caminho para o processo de separação-individuação, propostas por Margaret Mahler, visando entender as mudanças comportamentais e psíquicas pelas quais o bebê passa até atingir maior independência da mãe, por volta dos 3 anos.

1)      Fase autista normal

– do nascimento ao 2º mês de vida: “fase indiferenciada”;

– o bebê não percebe a diferença entre realidade interna e externa.

 

2)      Fase simbiótica

– o bebê começa a perceber vagamente que suas tensões instintuais (fome etc.) – que geram acúmulo doloroso de tensão – são aliviadas por algo do mundo externo;

– diferenciação rudimentar do ego;

– limites entre self do bebê e mãe ainda se confundem;

– aos 5 meses, começa a se observar a separação-individuação.

 

3)      Separação-individuação

 

3.1. Diferenciação

– início aos 5 ou 6 meses;

– diminuição da dependência corporal da mãe;

– maturação das funções parciais de locomoção (engatinhar, trepar e levantar-se);

– o bebê começa a olhar além de seu campo visual imediato;

– progressos na coordenação de mãos, boca e olhos;

– prazer ativo no uso de todo seu corpo;

– volta-se ativamente ao mundo externo, buscando prazer e estimulação.

 

3.2. Período de exploração

– se justapõe à fase anterior, começando a qualquer momento depois dos 10 meses e indo até por volta de 1 ano e 3 meses;

– aumenta as habilidades motoras e exploração do ambiente em expansão – começa a engatinhar ou rastejar;

– grande investimento narcisista da criança em seu próprio corpo, funções e investigação da realidade em expansão;

– adultos “familiares” são aceitos como substitutos da mãe em ambientes conhecidos;

– a criança começa a aventurar-se (“seu caso de amor com o mundo”), parecendo que esquece da mãe, mas volta periodicamente para o “reabastecimento emocional” com a mesma, através do contato físico;

– jogos de esconde-esconde: de passivos para ativos, assim como as constantes escapadas da criança até ser agarrada pela mãe, modificando de passivo para ativo o temor de fundir-se a ela;

– a maioria das crianças tem períodos de exaltação e ficam insensíveis a batidas e quedas.

 

3.3. Reaproximação

– começa quando a criança torna-se apta a caminhar e dura de 1 ano e 2 meses até 1 ano e 10 meses, aproximadamente;

– prazer do domínio do bebê: sente-se autorizado a separar-se da mãe;

– ansiedade de separação: em pequenas quantidades, favorece o processo de individuação;

– ativa aproximação do bebê com relação à mãe;

– preocupação aparente e constante com o lugar onde a mãe se encontra;

– incompreensões entre mãe e bebê podem ser observadas: o bebê não é mais tão dependente, mas ao mesmo tempo tem uma atitude sedutora, desejando que a mãe participe constantemente;

– os substitutos da mãe não são aceitos com facilidade;

– início da substituição da vocalização e da mímica pela comunicação verbal.

 

3.4. Desenvolvimento de complexas funções cognitivas

– rápida diferenciação do ego: 1 ano e meio/1 ano e 8 meses até 2 anos e 5 meses/3 anos;

– comunicação verbal, fantasia e critério de realidade;

– representações mentais do self separadas das representações de objeto abrem caminho para a constância objetal;

– a presença real e constante da mãe não é mais tão imperativa.

 

Referência bibliográfica:

“O processo de separação-individuação” (Margaret Mahler)