As agonias impensáveis consistem no medo de perder a integração, num retorno a um estado de não-integração; o que está em jogo é a existência. Essa angústia de “cair para sempre”, de não ter sustento, deriva-se da ausência de investimento da mãe na fase de dependência absoluta. Falhas ambientais severas e precoces produzem essas agonias, que são “impensáveis” porque não podem ser ditas, não podem ser pensadas.
A psicose é uma defesa frente a essa angústia – não é a agonia impensável propriamente dita. O sujeito psicótico apresenta um déficit no trabalho de personalização e, por isso, perde a residência no corpo, não sente que é uma unidade psicossoma – como exemplo, podemos pensar no psicótico que não sente frio, quando está num local com baixas temperaturas, vestido somente com uma camiseta. Ele perde o sentido de real, uma vez que não tem a crença de que há uma realidade exterior a ele que possui certa previsibilidade, perdendo a capacidade de se relacionar com os objetos. Algumas características de defesas psicóticas frente a agonias impensáveis são: a invulnerabilidade – o mundo exterior não mais afeta o sujeito; a cisão do sujeito – que é patológica, uma vez que o ambiente falhou muito e a integração não foi possível; e a desintegração.