O Transtorno de Déficit de Atenção, com ou sem hiperatividade (TDA/H), segundo o saber médico, é um transtorno caracterizado por “comportamento hiperativo e inquietude motora, desatenção marcante, falta de envolvimento persistente nas tarefas e impulsividade” (LIMA, 2005, p. 73). Essas características só serão definidoras do transtorno quando aparecem em um grau excessivo, ao serem comparadas com um desempenho esperado de outras pessoas, com a mesma idade.
O debate atual sobre o TDA/H tem gerado diversas abordagens que tentam entender o aumento significativo do número de diagnósticos e do consumo de medicamentos, em especial a Ritalina (metilfenidato), como um dos principais tratamentos. Entendemos que, para analisar esse fenômeno e suas conseqüências nos discursos científico e leigo, devemos levar em conta as influências do contexto psicossocial, cultural, político e econômico em que ele se insere – e não se restringir a explicar os fenômenos apenas numa perspectiva fisicalista.
Consideramos fundamental analisar, do ponto de vista psicanalítico, a dinâmica familiar em que a criança está inserida, uma vez que a forma de uma criança se expressar é por meio do desempenho escolar, comportamental e até físico. A criança, na maioria das vezes, não expressa em palavras se algo não vai bem com ela, mas sim gera sintomas – exemplos deles seriam a desatenção e a hiperatividade, tão presentes na queixa de pais na atualidade. Portanto, pode ser que esses sintomas sejam uma forma de a criança comunicar que algo não vai bem com ela. É necessário que seja feita, contudo, uma avaliação conjunta de médico e/ou psicólogo para um diagnóstico preciso de cada caso.
Investigar como são travadas as relações da criança com sua mãe, seu pai e eventualmente com irmãos é fundamental para avaliar esse tipo de queixa, que geralmente vem através das escolas.
Além da análise do contexto familiar, não se deve deixar de considerar como funciona o ambiente escolar em que a criança está e como este poderia ser adaptado para atender às necessidades da criança.
Referência bibliográfica:
LIMA, Rossano Cabral. Somos todos desatentos?: o TDA/H e a construção de bioidentidades. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005.